Ho’oponopono é uma oração de cura havaiana para a libertação das memórias dolorosas. Em seu conteúdo está o princípio da consciência de que a nossa existência como um todo está ligada a tudo que nos cerca, desde o começo dos tempos até agora.
Ouvindo-a me dei conta da enorme insensatez que é o nosso mundo urbano e artificial. O quanto a mãe terra sofre o impacto das ações destrutivas desencadeadas pela ambição humana.
Vivemos cercados pelo conforto material obtido com a tecnologia atual. Vivemos alheios ao drama pelo qual o nosso mundo passa ao ter sua natureza degradada pelas nossas ações, vivemos como se não tivéssemos nada a ver com isso tudo. Simplesmente ignoramos o fato de que estamos matando a nossa grande Mãe. Vivemos automatizados. Encarcerados em torres de marfim. Abduzidos pelo sistema que corrompe nossas vidas e iludidos pelas tecnologias baratas e disponíveis que nos fazem acreditar num novo e maravilhoso mundo. Só que não. Às margens desse novo e maravilhoso mundo lixões acumulam os sobejos da nossa insanidade consumista.
Ninguém se pergunta pra onde vai o lixo. O descarte contínuo e volumoso do consumo diário das casas, do comércio, das indústrias. Qual é o lixo mais lixo? O mais tóxico? O mais insalubre? Todos eu diria, pois todos fazem parte deste dantesco espetáculo consumista. Todos estão interligados na mesma imensa cadeia produtiva. E assim tudo que é produzido tem na outra ponta a enorme, dantesca e destruidora cadeia poluitiva.
O que nos impede de ver o mal que causamos? Porque estamos tão cegos? A ganância nos coloca em extremos absurdos. De um lado imensa riqueza e de outro extrema miséria.
Em todo o planeta, as grandes indústrias com suas inúmeras e tentaculares variações, arrasam vidas com o veneno de seus dejetos nas águas, no ar, na terra. O mundo empresarial é um monstro insensível para o qual a vida não tem o menor valor. O que importa?
Rios antes piscosos carregam o negrume dos rejeitos assassinos de industrias básicas como usinas de álcool, celulose, curtumes e outras tantas mais.
O agronegócio avança voraz sobre o cerrado e a floresta envenenando o solo e as nascentes das águas que alimentam os nossos rios. As siderúrgicas desenham um universo futurista e assustador de crianças sem cérebro. Tudo em nome de algo hediondo e sem alma que aniquila a vida na sua essência e o que temos de mais precioso: a nossa terra. O planeta exuberante e belo que habitamos. Até quando?