Por Paulo de Tarso*

Para a tristeza de todos aqueles que buscam respirar um pouco de democracia e dignidade, eis a grande surpresa, mais uma vez somos jogados em um abismo de intransigência e falso moralismo. O motivo, uma exposição de arte que incomodou conservadores unidos, que em socorro aos fracos e desvalidos tomaram para si as rédeas da falsa moralidade
Um grupo de direita que tem por nome Movimento Brasil Livre (MBL), o nome é bonito mas suas ações são a mais pura escrotice do que há de mais repugnante na cena política brasileira e que, se pensou que já tivesse diminuído esse tipo de atitude. Em terra de quem tem um olho é completamente cego, surdo e omisso, estamos, portanto, definitivamente de volta a mais pura repressão. Consequência natural, por conseguinte, estarmos abraçados ao atraso que tanto teimamos achar que nos abandonou… ledo engano!

A questão é a seguinte: estou falando da exposição de arte reprimida e interrompida, promovida pelo Banco Santander, que a “Queermuseo” teve como proposta dar visibilidade a questões do universo LGBT presentes na sociedade e na cultura. Com isso exposto, a curadoria propõe assim, de forma artística e mesmo cultural, promover uma revisão de obras de artistas que são marginalizados justamente por esses mesmos ditos “arautos da moralidade”.

A Exposição tinha por princípio colocar em cartaz cerca de 270 obras assinados por 85 artistas, nomes de peso de artes como pintura, gravura, fotografia, serigrafia, desenho, colagem, escultura e vídeo, obras estas que foram cedidas por coleções públicas e privadas.

Eis que surge como uma maldição que teima não abandonar todos aqueles que tem um mínimo de discernimento e ainda pensam em arte como expressão de liberdade e não como maneira de expor seus recalques e suas condições poucos resolvidas, o deplorável Movimento Brasil Livre acusa a Exposição de promover “Blasfêmia contra símbolos católicos e, creiam, de “pedofilia e zoofilia”.

O Banco em questão que promovia a exposição, e que, em momento nenhum afirma que não chancela um tipo de arte, mas sim a arte na sua pluralidade, sempre baseado no profundo respeito que deve-se ter por cada individuo, resolveu por um fim à exposição para felicidade daqueles que teimam ser inimigos de tudo aquilo que não os convenha em termos de liberdade, aliás, expressão que usam no próprio nome mas nem de longe praticam.

Somos todos derrotados. Derrotados juntos com aqueles que procuraram “incentivar as artes e promover o debate sobre temas que são constantes nesse mundo contemporâneo e não para gerar qualquer tipo de desrespeito ou discórdia”. Como sempre nosso papel deve ser de incentivo a todo e qualquer tipo de arte, dar luz e rumo as propostas discutidas em todas as partes do mundo, em suma colocar o Brasil como partícipe desse grande debate contemporâneo. Mas são itens que certos personagens encapuzados com a máscara da intransigência teimam em não aceitar colocando a tudo e todos em um poço de ignorância e escuridão., mundo esse que só a eles interessa. Quanto mais escuridão, mais esses cretinos vão vender velas.

Neste momento perdemos a oportunidade de ver uma exposição, porém, se não acendermos a nossa própria luz e continuarmos a comprar essa energia que é fruto do atraso e de interesses de falsos moralistas vamos perder o trem de história e mais do que isso, não mais gozaremos a plena liberdade de termos opinião do que nos convém.

Hora de reagirmos, ou viver na escuridão!!

 

*Paulo de Tarso é jornalista, radialista, produtor e pesquisador musical.

 

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