Paulo de Tarso*
Minha história com a maior banda de rock começa de maneira bem simples e curiosa. O ano, 1971, começou com minha chegada em Londres acompanhado de meu parceiro Sergio Shinelver, e o motivo era bem simples, estudar ou conhecer melhor o rock and roll que tomava conta da música no mundo todo.
Lá chegando fomos apresentados a uma linda inglesinha que se chamava Suzan Sherwood que além de ser ótima Road Manager era namorada de uma das grandes estrelas da musica pop inglesa, nada mais nada menos que Donovan, que na época estava no top do hit parede inglês com uma música que virou clássico chamada “Atlantis“
Depois de apresentações formais, uma vez que na Inglaterra até roqueiro não dispensa uma formalidade, começamos nossos dias na “Tech Music School Londres“ afinal tudo em nome da boa e fraterna música.
Mas, efetivamente, tudo começou quando em um Pub que leva o nome de “Cats“ começamos uma saudável discussão de quem era quem no mundo do rock and roll. Eu no meu pequeno conhecimento sobre as variantes do rock aleguei conhecer pouco sobre a falada e aclamada banda que era o Led Zeppelin. Meu Deus o mundo quase acabou e fui taxado de louco por não ser um conhecedor da obra da banda que balançava o Reino Unido, toda a Europa, e já invadia os Estados Unidos e arredores.
Coberto de vergonha, jurei para mim mesmo que iria começar a me informar e saber tudo desta onda que varria o mundo da música pop que era o Led Zeppelin.
É impossível contar a história do Led Zeppelin discorrer sobre seus anos formativos, sem voltar até meados dos anos 60 e recordar uma banda inglesa extraordinária, The Yardbirds, a mais inteligente, inventiva e ousada de seu tempo.
No começo dos anos 60, a cena musical em Londres agitava-se com o Rhythm & Blues recriado na Inglaterra, bem diferente do autêntico R&B, que essencialmente era uma música urbana cultivada por artistas negros. A Inglaterra nunca negou a influência de seus jovens músicos e um grande reflexo de admiração aos velhos bluesmen americanos, raiz do que seria o futuro de grandes músicos ingleses. Muddy Waters, Bo Diddley, Otis Spann e tantos outros.
The Yardbirds teve em sua primeira formação, Eric Clapton, Jimmy Page, Paulo Smith e Jeff Back, que na época injetava jazz, música oriental e tudo mais que podia-se imaginar e materializar em sua Fender Stratocaster. Logo veio o sucesso e a banda começa a não se entender e seu fim glorioso foi inevitável principalmente depois do colapso de Jeff Beck em pleno palco. Logo depois no ano de 1968 se colocava fim na máquina sonora chamada “The Yardbirds”.
Ainda em 1968, Jimmy Page insistiu com a chamada new The Yardbirds e, com novos companheiros, Robert Plant, John Paul Jones, e John Bonhan partiram para um excursão pela Escandinávia. Aquele grupo estava destinado à glória, pois a chance de testar a qualidade do quarteto surgiu em sessões de gravação do álbum “Three Week Hero“ verdadeiro embrião do que seria o Led Zeppelin.
Em 1968, Jimmy Page juntou-se a três músicos quase desconhecidos do grande público e criou o “Led Zeppelin“, uma banda até então sem precedentes – por 12 anos, Page liderou o grupo, quebrando seguidamente seus próprios recordes e editando álbuns antológicos que representam uma das mais brilhantes histórias do rock e da música pop.
O nome Led Zeppelin não era para ser o nome do grupo pois havia uma forte influência para que se chamasse “Mad Dog“ – ou “Whoopie Cushions”, mas Page se lembrou de uma sugestão de Keith Moon, “Led Zeppelin“ e o usou para batizar a nova banda. A banda estreou seu novo nome em um show na Surrey University, em 25 de outubro de 1969, ocasião em que tocou muitas músicas de seus componentes.
Para gravar seu primeiro álbum o Led Zeppelin alugou o Olympic Studios de Londres, incluindo 30 horas de gravações e mixagem, a banda gastou na produção de Jimmy Page por volta de $1,782 libras, valor irrisório para aquele que seria o primeiro grande sucesso e arrecadaria muitos milhões de libras/dólares, pois o álbum “Led Zeppelin“ foi lançado nos Estados Unidos em 17 de janeiro de 1970. A critica escrachou o álbum dizendo ser um disco de mau gosto.
Mas, a banda mais do que rapidamente assinou contrato milionário com a Atlantic Records que adiantou 200 mil dólares. E fez uma grandiosa divulgação dando inicio a uma tradição de grandes sucessos fazendo com que a banda passasse ao largo da opinião da crítica. Pois sua música falava às novas gerações que pouco se preocupava com opiniões alheias.
Seus álbuns seguintes se tornaram referências no mundo do rock. Led Zeppelin II foi gravado em uma turnê e traz o primeiro clássico autêntico do chamado Heavy Metal, a faixa “Whole Lotta Love“ – com esse álbum a banda elevou o Heavy Metal a um nível superior a qualquer outro estilo de rock em relação a popularidade. Outro ponto de destaque do disco era “Moby Dick“ em uma devastadora performance de John Bonhan.
Um ano se passou e, as rádios e lojas, para delírio dos aficionados do Zeppelin, recebiam o terceiro álbum que se chamava “Led Zeppelin III“ e que mostrava uma mudança no estilo do grupo, privilegiando o folk, que até então era um elemento secundário no som da banda. Mas é nesse álbum que os músicos da banda se mostram mais a vontade e onde mostram todo o seu amor pelo gênero. Canções como “Immigrant Song”, “Since I’ve Been Loving you” e “Tangerine” fazem a festa dos milhões de aficionados da então mais imitada banda de rock do mundo.
No ano de 1973, um novo álbum foi lançado em março. Nome da obra: Houses of the Holy que mostrava uma equilibrada mistura de tudo que o Zeppelin tinha feito até então. E a música destaque do álbum era a pesadíssima “Song remmains/The same” – pela primeira vez foram usadas cordas (violinos/violas e cellos) em trabalhos do Zeppelin. Neste ano o Led Zeppelin tinha virado mania mundial entre a maioria dos roqueiros e começava uma saga que se tornaria imortal.
Depois de Phisical Graffiti – coisas inesperados começaram a acontecer, algumas trágicas, com o pessoal do Zeppelin. Jimmy Page fraturou a mão, Robert Plant fez uma delicada cirurgia na garganta e ficou semanas sem poder falar, fato que deu motivo a conversas de que teria um câncer nas cordas vocais. Em 1975, Plant sofreu grave acidente automobilístico em Rhodes (Grécia), que o deixou meses numa cadeira de rodas. Isso tudo deu margens e origem para o menos brilhante álbum dos Zeppelins que se chamou “Presence“, editado em 1976.
A banda ficou inativa por vários meses por causa do acidente com Plant e durante esse tempo resolveu lançar em outubro de 1976 o filme “The song remains de same“ acompanhado de um álbum duplo gravado ao vivo, lançado um mês depois.
Depois de dois anos de silêncio, o Led Zeppelin deu inicio a uma turnê mundial que começou pela Inglaterra – público e critica estavam felizes de ver novamente a super banda em ação em um show de três horas de duração alucinantes.
Mas… quando chegou aos Estados Unidos, a fatalidade de novo alcançou o grupo em julho de 1977, o filho de Robert Plant morreu vítima de uma virose. A excursão foi suspensa e a banda se separou por mais um ano. Em 1978, a banda se uniu novamente e gravou “In through the out door”. Esse álbum foi editado em 1979, e para tristeza de milhares de fãs foi o último trabalho do grupo.
Mesmo tentando excursões em junho de 1980 com o nome de “Zeppelin over Europe 80“ as tragédias continuavam a rondar a banda. No dia 25 de setembro, John Bonham é encontrado morto. Ele havia bebido demais e desmaiado. Depois de colocado numa cama, entrou em coma alcoólica e morreu sufocado no próprio vômito. Incapaz de superar o choque pela perda de seu baterista, a banda decidiu encerrar as atividades.
No dia 4 de dezembro, o Led Zeppelin distribuiu uma nota à imprensa comunicando que a banda estava desfeita. Foi o ponto final de doze anos de grande sucesso.
Assim, com aquela conversa de amigos na longínqua Londres, pude aprender um pouco mais deste mundo encantado, e nem sempre glamouroso do mundo do rock .
Robert Plant – Vocais, Jimmy Page – Guitarra, John Paul Jones – Baixo, John Bonhan – Bateria.
Embora atrasado tive muito prazer em conhecê-los.
Paulo de Tarso é quase campeão brasileiro com o Porco, jornalista, radialista, pesquisador e produtor musical.