Quando você me libertou das correntes que eu mesma criei não foi para me fazer voar para outro pássaro. Foi para voar para mim mesma, por mim mesma. E agora eu sou livre dessas amarras psicológicas e sentimentais. Meu coração se fechou, a alma se libertou para poder voar e buscar caminhos. Mas a gente sempre espera por algo. Uma esquina, um cruzamento, uma placa de “PARE”, outra de “SIGA”. Um sinal vermelho, outro verde. Eis que agora me encontro numa encruzilhada, posso escolher qualquer caminho. Escolho todos. Vou e volto. Fujo e apareço. Escorro. Discorro as palavras neste caderno. Quero desanuviar. A minha mente ainda não conseguiu se desprender de certos sentires. A paixão às vezes me pega, e quando pega me derruba.

Desenho: Sara Arrobe
Desenho: Sara Arrobe

Eu viro a página e é tudo branco. Cadê as linhas que deveriam estar aqui? Agora sou eu quem escolhe as palavras. Defino as linhas. Marco as páginas.

                                                                                                              Se eu quiser

                                                                              Escrevo aqui

Ou ali

Mergulho nessa página

Em branco

No vazio

Me jogo de cabeça

Me afogo em meio a

Tantas letras

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Economista, realizadora audiovisual, produtora e ativista cultural. A arte é intrínseca aos seus múltiplos olhares.

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