Quais são as vozes silenciadas? Os quadros que nunca foram expostos? As instalações que nunca aconteceram? A arte também legitima narrativas enquanto apaga outras. A cultura como a história tem o fio condutor escolhido por aqueles que as escrevem oficialmente. E assim, muitas narrativas tornam-se invisíveis.
Para jogar luz na arte, a exposição “Narrativas do Invisível” traz obras selecionadas pelo Rumos do Itaú Cultural e fica aberta para visitação até 5 de novembro.
“É possível reescrever o passado? Desvelar uma história silenciada? Superar ausências, fraturas, rupturas, esquecimentos?”, questiona o texto sobre a mostra logo na entrada.
As narrativas artísticas sobre o que não foi dito. É essa resistência que a arte provoca, por que é inerente, é intrínseco ao ser, e não deixa de existir, mesmo que fora dos circuitos, dos livros, museus. “É assim que a arte aponta para saídas ao isolamento e aos processos de fragmentação da memória que perpetuam uma história incompleta”.
As letras dos barcos de cidades da Ilha de Marajó pintadas por artistas são documentadas desde 2004 pelas designers Fernanda Martins e Sâmia Batista. Da “Expedição Marajó” surgiu o documentário “Marajó das Letras”. Valdirzinho e Zé Augusto são os responsáveis pelas palavras desenhadas que remetem às embarcações. São as letras que flutuam.
O mapeamento do tráfego aéreo mundial, com a trajetória de aeronaves que aterrissam e pousam em todo o globo terrestre gera uma teia de fluxos que remete ao sistema circulatório do corpo humano. O software que mapeia o tráfego foi desenvolvido para a instalação da artista visual mineira Anaisa Franco.
No tempo da hiperconexão, aquilo que ganha a imaginação não destoa tanto da realidade. Por isso chega a ser plausível – como em um futuro nem tão utópico assim – a Teleport City da arquiteta Gabriela Bílá. “A arte como veículo do tempo”.
O principal meio de locomoção neste futuro imaginado pela artista é o teletransporte. E ela criou em sua instalação uma verdadeira “cidade” com projeções de como seria essa sociedade que em um piscar de olhos pode atravessar o mundo.
Que delícia de relato, que tema, interessantíssimo!