Enquanto isso no clube da net: “saltando de postagem em postagem me deparo com chutes no traseiro da esquerda. O lado esquerdo da bunda. Da banda limpa da banda podre da banda falida da banda dos out siders da banda das beiras.

quebradaA esquerda sem utopias ou de utopias quebradas dissonantes em relação ao tempo (con)temporâneo onde tudo se repete em gesto sonho e religião fundamentalistas bombas sob nossas cabeças sobre nossos traseiros na mão esquerda a rosa que já dita agora tão maldita a repousar em cemitérios de ideias  flores de jardins sem esperança.

rosa 2Cadê a utopia que estava aqui na bagagem ajudando-me a levar nessa viagem sonhadeira?”

Na beira do abismo me atiro e voo em busca de novas paisagens. Uns se retiram e se recolhem ao insignificante abismo de si, ensimesmado.

Mas – pensar e repensar utopias é necessário para a nossa sobrevivência. Se não crês em nada – desertificará, nada mais vai fazer sentido. É preciso sonhar. O impreciso é ficar estacado feito poste, sem brilho, sem luz – restando apenas o mijo do cachorro em franca alegria.

two-opposite-arrows-on-a-pole_318-62114A caravana passa e depois passa de novo.

É preciso estar atento e forte, diz o verso setentista, tentando surfar enquanto segura a onda. Nos anos 80 com o fim do militarismo respirava-se democracia, cantávamos em coro: o poder é do povo! Engano? O poder é civil, mas não é do povo. É das elites industriais, rurais e dos agentes políticos e econômicos. O poder nunca foi devolvido ao povo. Foi negociado com uma elite torta tosca e mal educada. Deformações do Brasil, da democracia representativa que não me representa.

“Em inglês, fala-se muito sobre a morning after (a manhã seguinte), após uma noite de bebedeira. A revolução não é o porre, a revolução está na ressaca do dia seguinte. Costumo fazer uma piada sobre aquele filme V de vingança.

vEle termina com cidadãos mascarados tomando o Parlamento. Eu adoraria mesmo é assistir V de Vingança, parte 2. O que eles fariam no dia seguinte, como reorganizariam a vida cotidiana?” (filósofo esloveno – Slavoj Žižek)

a crise da esquerda que não consegue apresentar uma proposta global de alternativa ao capitalismo.

cyberOs movimentos horizontais não conseguem avançar como uma alternativa viável a exemplo do Syriza na Grécia e o movimento de ativismo digital Podemos na Espanha, apesar de conquistarem espaços importantes de poder no Parlamento Europeu e na Grécia com a tomada do poder e o impasse que se coloca. Parece que assola uma espécie de paralisia. Os problemas se agigantam, não satisfaz a classe trabalhadora e não seduz o poder econômico com suas propostas confusas e embaralhadas nesse jogo da vida que está aí nas ruas a exigir soluções imediatas.

Aliás a necessidade do imediatismo é um terror, pois muitas medidas são para transformações em largo prazo. Essa dilatação do tempo para se resolver problemas estruturais não encontra eco na sociedade que quer mudanças rápidas para problemas que se arrastam há séculos.

Karl-Marx-Denkmal
Karl-Marx-Denkmal

algo já apontado por Marx no 18 Brumário: as forças sociais nem sempre agem de forma articulada e movida pelos mesmos interesses imediatos.

Os interesses divergem na medida em que as diferenças são inerentes aos processos de divisão de classes, os níveis de desenvolvimento são desiguais, não dá para nivelar as mesmas e básicas necessidades de todos no escopo social.

As aldeias se espalham em nichos. Com jeitos diferentes de ser e de não ser. O que? O que não é? A pergunta é: o que pode ser?

Guarda-meninaA gente luta pelo que mesmo?

Nesse jogo de interrogações minha esquerda está machucada. Não vou bater nada. A bola está parada na marca do pênalti.

penaltiA fratura está exposta e nossos olhos querem (não) ver.

 

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