Seres humanos perfeitos, para amar e ser amados. Índios, freiras e pessoas comuns em relações abertas. Na exposição Irigaray Arte Cidade em cartaz até o dia 24 de abril no Palácio da Instrução, um dos maiores expoentes da vanguarda das artes visuais de Mato Grosso cobra a honestidade da fisiologia humana.
Clovis Irigaray segue na fronteira do sacro e o profano, talvez ainda mais profano. E faz da provocação um estímulo para que as pessoas não finjam a realidade e de certa forma que os preconceitos sejam vencidos. Ao revisitar as telas até então inéditas expostas na Sala Vermelha, alguns visitantes podem até se sentir impactados. Mas este são só alguns dos efeitos da arte libertária e contestadora.
“Se há uma grande herança que deixei para a arte mato-grossense, é o empenho no realismo. Porque ele denuncia sem desmistificar. Por meio dele, você transmite a verdade do que você acha, de todas as coisas que você é”, diz.
“Enquanto tiver gente negando a condição da verdade – por isso que eu digo que eu gosto de gente que fala a verdade – enquanto tiver gente negando a verdade, não acontece não há evolução”, provoca mais uma vez. “Eu vou longe de ser careta, porque a maior caretice do mundo é mentir o que você é”.
Irigaray encara esta exposição como um dos importantes marcos de sua trajetória emblemática, desde as descobertas proporcionadas pela vivência com a crítica de arte e animadora cultural, Aline Figueiredo e o artista plástico Humberto Espíndola – até a ocasião desta mostra que o homenageia, organizada por sua filha, a produtora cultural Maria Irigaray. Além das obras inéditas, a mostra traz ainda os primeiros trabalhos, entre eles, peças das séries Xinguana e POP.
“Eu enxergo esta exposição como coisas que acontecem comigo e eu preciso prestar contas. Preciso agradecer também. Quando vejo o que estão fazendo por mim, eu paro e penso: ‘Será que eu mereço isso?’ Aquele lugar, um palácio, pintado de vermelho, tudo que eu pedi, artistas participando juntos. É incrível”.
Quanto a interpretações equivocadas sobre sua arte, Irigary alfineta. “Não me importa, não tenho medo, não sou medroso. Se eu fosse, nunca teria feito isso, imaginado estas situações. Por que elas existem em mim, onde eu for vou carrega-las. Ninguém vai olhar para mim e imaginar uma freira, todo mundo imagina o capeta, o diabo, o cão”, ri muito.
Parcerias
A seu lado, outros sete artistas expõem suas impressões sobre o cotidiano urbano e, além de apresentarem suas produções artísticas, se dividem em oficinas, bate-papos com o público e ainda, diálogos com profissionais de diversas linguagens, provocando assim um complexo transitar entre a arte a cidade. Eles reforçam a necessidade da interação da arte com o cidadão.
Pinceladas, flashes, cliques, jatos de spray e objetos não convencionais, entre outros, também revelam a produção artística em tempos atuais. Babu Seteoito, Heitor Magno, Luis Segadas, Marcus Levy, Elias de Paula, Renato Campello e Rai Reis ampliam o vulto desta empreitada que se configura como um espaço de total liberdade que resulta em uma construção coletiva.
A exposição é uma realização do Governo de Mato Grosso – via Secretaria de Estado de Cultura – e o Museu de Arte.
Serviço:
Exposição Irigaray Arte Cidade
Palácio da Instrução
Visitação pública até 24 de abril
De terça-feira a sexta-feira, das 08h00 às 20h00
Sábados, domingos e feriados, das 09h00 às 18h00
O Palácio da Instrução fica na rua Antônio Maria, nº 251
Praça da República – Centro – Cuiabá-MT
Mais informações (65) 3025-3221