Por Luiz Eduardo Oliveira*

“Hello
My name is Elder Price
And I would like to share with you the most amazing book”

Esses três versos foram a minha primeira experiência num musical da Broadway. Que também foi minha primeira vez nos Estados Unidos (mas isso é assunto para uma outra teleaula). Acabei de chegar de Nova York e, de tudo o que vi que a cidade tem de bom, acho que ser expectador na famosa rua dos teatros é uma das obrigações de quem pisa na Big Apple.

The Book of Mormon (O Livro de Mórmon) foi a peça escolhida. Nada mais natural para um fã de South Park atender ao chamado dos criadores do cartoon. A peça está em cartaz desde 2011, sempre lotando os assentos e sem vender ingressos com desconto.

Book of Mormon conta a história de dois jovens missionários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ou simplesmente a Igreja dos Mormons. O enredo começa ainda no curso de preparação para as missões – jovens mórmons devem cumprir um período de 2 anos longe de casa, arrebanhando fieis para a igreja. Um rito de passagem para a vida adulta. Sabemos que o Elder Price, o mais popular dos meninos, fez suas orações pedindo para cumprir sua missão em Orlando, cidade conhecida pelos parques temáticos. Mas acabará vivendo uma aventura ao lado de Elder Cunningham, o mais desajeitado de todos, em Uganda. Rendendo gargalhadas nas duas horas e meia de apresentação.

Durante o intervalo, foi possível ouvir os comentários da plateia na fila da cerveja ruim e cara (13 dólares numa latinha, quase 50 reais, a quem interessar) “nunca ri tanto”, “pensava que não conseguiriam fazer algo tão bom”, diziam outros espectadores.

Longe de mim fazer o crítico de teatro. Não tenho cacife para isso, nem como comparar a outros do gênero. Mas além do texto hilário e de atuações comicíssimas, o que me deslumbrou mais foi a perfeição técnica do espetáculo. Tudo: atuação, luz, som, efeitos em uma sincronia de precisão milimétrica. É incrível!

Tampouco consigo imaginar um espetáculo conseguir ser tão ousado aqui no Brasil, onde todos têm medo de um processo. O musical vencedor de 9 prêmios Tony tira sarro sem dó dos mórmons, e ao mesmo tempo exalta a crença, afinal um mórmon acredita, não importa o quão absurda seja a história que Joseph Smith disse que leu. Afinal, religião se trata de fé.

Mas recomendo. This book will change your life.

*Luiz Eduardo Oliveira é radialista e viajante

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