Por Fábio Pinheiro*
parta-me a noz do crânio
bote uma castanha em cada olho
e me despache para o Hades.
pegue a sidra mais vagabunda
e regue rente ao esqueleto:
acelera a decomposição.
não esqueça das passas no ouvido:
a sina de quem padece em dezembro
é o ensurdecimento na multidão.
nas cavidades por onde respiro
insira esplêndidos damascos
para que o ar não entre despercebido.
mas não toque na minha rósea guirlanda
plumosa celebração da natividade
amor puro que aberra cristianismos.
sele bem o féretro com marzipã:
não quero brilho ardido de pisca-pisca
ou te mando uma assombração!
*Fabio Pinheiro é poeta, professor e cidadão do mundo, daqui até Hades