Luiz Renato de Souza Pinto

Tenho dito que minha escola cultural é o Caximir; ao lado de Antonio Sodré, Eduardo Ferreira, André Balbino, Capilé Charbel, Amauri Lobo, Antonio Carlos Lima e Paulé (no início éramos apenas varões). Depois vieram as meninas (Ana Amelia, Rose Tequila e Fernanda Marimon).1148076002_caximir_400x400

Mas meus primeiros passos na área foram ao lado de Maurim Rodrigues, Lorenzo Falcão, Fátima Sonoda, Chico Amorim, Mara Ferraz, Carronbert e outros, que, sob o comando de Maurício Leite, compúnhamos o Pé-de-Moleque, coletivo de teatro infantil que aventurava pela linguagem dos fantoches.

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Maurício Leite

Em “O Segredo do Curumim”, lembro-me de uma frase que tornou-se célebre. Diálogo entre as personagens de Mara e Chico. A oncinha (Mara) perguntava ao jovem guerreiro curumim (Chico):

– Vamos brincar, Diúna?

E ele de maneira impassível, respondia:

– Agora não, depois.

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Chico Amorim

O sorriso irônico de Chico nos divertia e é algo que me faz saudoso, sempre que lembro de sua figura.

Como desdobramento da atividade junto ao grupo, Maurício Leite convidou a mim e ao Fernando de Almeida, velho conhecido dos tempos de Maringá (estudamos juntos no colégio Marista naquela cidade), para compormos uma equipe que teria a incumbência de manter uma página de cultura no Diário de Cuiabá, à época sob a editoria do senhor Adelino Praieiro.

Estreamos a página no dia 09 de outubro de 1983 e para esse debut resolvemos consultar pessoas de notório saber em nossa cidade sobre o que seria uma página de cultura. E assim saímos à cata de depoimentos. Luís Philippe Pereira Leite, falou-nos em nome da Academia Mato-grossense de Letras, a musicista Sandra Coelho do Vale, em nome da música, Estevão Manoel Alves Corrêa, como arquiteto, Mara Pizatti, como artesã, Josué, como artista plástico, Eduardo Ferreira, pela poesia, Eudson de Castro, em nome do Conselho Estadual de Educação e Heitor Medeiros, pela área do Teatro.

No dia 16, em comemoração ao dia da criança, a entrevista foi com o grupo Recreio. Carlão Gatass, Rosinha, Rafael e Valdevina nos brindaram sobre uma agradável conversa acerca do universo infantil e sua mágica relação com o teatro de bonecos. Divulgávamos uma pequena agenda de coisas interessantes que aconteciam na terrinha. O Cine Bandeirantes anunciava àquela semana o filme “Rio Babilônia”, de Neville D´Almeida. Entraria em cartaz nos dias 3, 4, 5 e 6/11 a peça “O Beijo da Mulher Aranha” no Teatro Universitário.

Na semana seguinte (23/10) publicávamos uma matéria sobre a Dança dos Mascarados, de Poconé. A viagem até a cidade sorriso foi fantástica. Posteriormente este texto ocupou as páginas de uma revista da Secretaria de Educação de Mato Grosso, com alguma repercussão no meio. A agenda trazia no Cine Bandeirantes a película de Alan Parker – “Pink Floyd – The Wall”, uma exposição de Cacá e Ana Amelia na Galeria Laila Zahran, intitulada “Delírios e Enfeites”, com desenhos, pinturas e Xerox e também mais uma apresentação do projeto “Bate num Quara”, no Teatro da UFMT, com a poesia de Silva Freire e a música de Gentil Bussiki.

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Adir Sodré

Em 30 de outubro, fechando o mês, Adir Sodré e Josué falavam do cenário das artes plásticas em Mato Grosso. Acerca do Salão Jovem Arte, Adir disparava que teve vida enquanto Humberto Espíndola estava à frente. Josué convocava o segmento para que se unissem com o intuito de criar a casa do artista, em Cuiabá.

Abrimos o mês de novembro com um pequeno artigo que Maurício chamou de “Cuiabá – a sétima cidade a receber o beijo”. No dia 06/11 publicamos então uma entrevista com Heitor Medeiros, produtor da peça, Manuel Puig (direção) e os atores José de Abreu e Rubens Corrêa. Tivemos a oportunidade de conhecer esse trio talentosíssimo dos quais apenas o Zé continua entre nós. Conhecer Puig e Rubens Corrêa foi um dos momentos mais marcantes de minha vida no ambiente cultural e artístico. Puig discorreu sobre sua expectativa com o governo Alfonsin, que começara e sob como os argentinos se sentem quando o assunto gira em torno das Malvinas, agora Falklands.

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Manuel Puig

Em 13 de novembro o assunto foi com o grupo Candimba. Sandra, Vilson, Aquiles, José Daniel, Marcia e Valéria nos encontraram no Clube Feminino, desculpe, Casa da Cultura, para um bate papo descontraído. E cantaram (encantaram) para a gente. Na agenda, o destaque era o show da Blitz no falecido estádio Verdão (eu fui ver) e o de Arthur Moreira Lima no anfiteatro da Escola Técnica Federal de Mato Grosso (IFMT), espaço fechado há algum tempo por problemas estruturais. No cinema, “Xica da Silva”, de Cacá Diegues era a bola da vez.

Em 27 do corrente, anunciávamos o show de lançamento do disco de Bené Fonteles – “BENeDITO”, com participação especial de Belchior, Luli e Lucina, Dunga Rodrigues, Marcicano e Pio Toledo. A agenda trazia Gal Costa na UFMT, show anunciado para 11 de dezembro.

E o mês de dezembro começava com o Grupo Terra de Teatro Amador nos concedendo entrevista para falar de suas atuações pedagógicas no Sucuri. Luis Carlos Ribeiro, a frente do coletivo que contava com Wagton Douglas, Marcio Aurelio e Ana Maria Lopes nos apresentou um breve histórico da atuação do grupo, as ações pedagógicas e de como o teatro contribuiu para a alfabetização e implementação de uma vivência educacional significativa para a comunidade.

Em 11/12 falávamos sobre as festas de natal e do projeto da então Fundação Cultural acerca dos presépios. Reunir presepeiros de toda a cidade e região para uma exposição comemorativa dos festejos natalinos. Hoje em dia o natal está repleto de presepadas, as datas têm sido cada vez mais comerciais do que culturais, propriamente ditas. E vem chegando mais uma…

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Marilza Ribeiro

Uma semana depois recebíamos a visita de textos maravilhosos de nossa decana literária Marilza Ribeiro. “Fantasias e Fantoches”, “O Tiro no Beco das Lembranças” e o “Ato de Ver” eram seus textos que colocávamos à disposição dos leitores. Encerramos nossa participação nesse episódio da crônica cultural em Cuiabá nos dias 24/25 de dezembro, dia de natal. Foi uma matéria pequena, menos de meia página, o que mostrava o encolhimento do espaço que tivéramos e que merece destaque a notinha sobre o Show das Águas que aconteceria na sede do Mixto Esporte Clube, à Avenida Getúlio Vargas (hoje CDL), sob o comando de Pio Toledo.

Esse evento aconteceu no dia 06 de janeiro de 1984 e foi a primeira vez que falei um poema em evento promovido por artistas em Cuiabá. Lá comecei a conhecer a galera da literatura e aproximei-me de outro coletivo que iria me acompanhar por muito tempo. Dois meses depois eu estava incorporado ao núcleo intitulado Caximir Buquê – O lixo do Luxo. Mas aí é outra história, deixa pra depois!

Luiz Renato de Souza Pinto, é professor, escritor, poeta, ator performático, foi um dos pilares do Caximir

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Ao completar vinte anos da publicação de meu primeiro romance, fecho a trilogia prometida com este volume. Penso que esse tempo foi uma graduação na arte de escrever narrativas mais espaçadas, a que se atribui o nome de romance. Matrinchã do Teles Pires (1998), Flor do Ingá (2014) e Chibiu (2018) fecham esse compromisso. Está em meus planos a escritura de um livro de ensaios em que me debruço sobre a obra de Ana Miranda, de Letícia Wierchowski e Tabajara Ruas; o foco neste trabalho é a produção literária e suas relações com a historiografia oficial. Isso vai levar algum tempo, ou seja, no mínimo uns três ou quatro anos. Vamos fechar então com 2022, antes disso seria improvável. Acabo de lançar Gênero, Número, Graal (poemas), contemplado no II Prêmio Mato Grosso de Literatura.

Comentário

  1. tempo bom…eu me lembro dessa passagem sua no pé de moleque…achava legal pacas..o Mauricio Leite era muito amigo do Josué e ia muito la na agencia..grandes figuras. Seus textos continuam impecáveis..long live.

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