Domingo. O Sol se despede com as luzes douradas em contraste com o azul que começa a preencher todo o céu. O vento balança as árvores e o cheiro de verde toma conta desta paisagem nostálgica que é um fim de tarde na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Chegamos quase às 18h. Ainda conseguimos ingressos. Mais uma sessão lotada no Panorama de Artes da Cena. O teatro está tomado por crianças, que correm, riem, brincam, enquanto aguardam para o espetáculo “O Pequeno Príncipe” do Teatro de Brinquedo.
As luzes diminuem. O cenário é simples, mas o universo lúdico criado pelos atores com os bonecos é o suficiente para nos transportar para as páginas do clássico livro de 1943 de Antoine de Saint-Exupéry. Planetas estão ao fundo com um brilho que projeta todas as nuances de cores que os diferem.
O pequeno príncipe viaja de superfície em superfície, que se molda para criar novos ambientes, novos planetas, pequenos ou grandes, que estão em seu roteiro de aventuras.
Com uma leitura dinâmica, cômica, os atores mesclam elementos contemporâneos e arrancam risos da plateia. O pequeno príncipe passa seu instagram para que o geógrafo possa acompanhar suas aventuras, um verdadeiro explorador. As crianças estão com os olhos vidrados no palco, vejo algumas que resistem à tentação de subir e participar da peça.
Mas não são só as crianças que estão fascinadas, adultos que acompanham os filhos sentam-se ao chão para mergulhar no universo lúdico do pequeno príncipe, jovens com os amigos acompanham a peça e riem. Viajamos em sua companhia por todos aqueles planetas, passamos pelo vaidoso, pelo bêbado, pelo rei. Acompanhamos sua saga com a serpente que fala por enigmas. Encontramos uma raposa que implora para ser cativada e ensina que o essencial é invisível para os olhos e que vemos mesmo é com o coração.
É simples e leve. Para digerir os ensinamentos profundos do pequeno príncipe que viaja milhas e milhas distante de seu planeta para encontrar a amizade. E descobre que sua rosa é única pelo tempo que dedicou a ela, mesmo que existam outras cinco mil em apenas um jardim. A raposa o ensina o significado da palavra cativar.
“Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…”
Uma flor cativou o pequeno príncipe e também a nós, que seremos sempre crianças dentro de pessoas grandes.
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