Naira Iasmim
sobre meu processo de autorização,
sobre quando é produzido e reproduzido o oco do corpo feminino,
percebi que vem de dentro o limite de ser potente e ser mulher.
o fenômeno machismo existe nos corpos femininos e é visceral.
senti e ainda sinto o limite que me imponho em poder aprender algo novo, de mexer em uma máquina, de me comunicar com as pessoas.
Deixar ser vista.
De me entregar pro medo e de estar vulnerável, de deixar escapar algum detalhe que expusesse o erro.
porque a mulher não pode errar.
em um mundo que só expõe essa coisa humana tão alheia e própria. o aparelho ser vivo plenamente caótico e equivocado. falho, no entanto, o pesquisador das verdades absolutas e da ideia de perfeição nomeado a uma deusa que definitivamente não é só carinho e perdão.
é preciso muito trabalho pra derrubar a ideia de ser Bela, a adormecida. pra acordar na vida um pouco menos avessa quando o cansaço engole a potência vida que é bem vinda nesse corpo, mulher.
é o cansaço de não acreditar em mim que me valida
Naira Iasmim transita pelas artes e pela vida com fluidez: das letras à psicologia e dos pinceis às sonoridades que fazem a pista vibrar. Em suas expressões, poesia e visualidade se misturam, transformando-se em poemas visuais. A música, uma eterna companheira, agora é parceira nas composições que toca em suas apresentações de DJ. Está sempre acompanhada por um livro, seja de pesquisa ou de literatura. Integra coletivos como Psicologia da Quebrada e Asminadosom, sempre buscando um fazer coletivo e comunitário.