Por fauno guazina*
Mizera, a sina.
Não fui instruído na arte de tratar corretamente a derrota e a vitória, não fui avisado que são dois impostores.
Meu ego gigante, meu narciso fraco não sabem lidar com a incongruência de sentir os dois, acho que isso chama desilusão.
Meu corpo segue perambulando no mar das expectativas, mas minha alma trela no beco das realidades.
O golpe e o solavanco das contradições do mundo abala por completo as bases de uma criação frágil no sentido de certezas, isso se chama tradição.
Meu tempo é revisto e meu valor é recalculado, minha sina adaptada e o destino sorri desdentado, apesar de cheiroso.
O cadáver dos sonhos morreu abatido tentando salvar a sombra da democracia do sentir, meu sangue talha pólvora e fumaça.
Meu olhos estão aterrorizados mas seguem atentos, meu sentidos, mesmo atordoados, lutam para se refazer e me arrastar ora fora desse manguezal da vida, ora dentro do turbilhão da morte.
Vitória ou derrota, todos somos vencidos.
*fauno guazina é produtor cultural, designer e professor universitário.