Por Carlos Valverde*
O cantor, compositor e produtor Rogê Além apresenta seu novo álbum de estética tecnológica e atmosfera atemporal.
“Bem que te tenho / Mal não te quero / Meu bem querer / Bem que te tenho / Bem perto aqui / Perto de mim / Meu bem te quer.” Com esse imenso bem querer, o músico Rogê Além saúda os ouvidos que embarcam na viagem sonora conduzida por “Analosintético”, seu álbum inédito, que ecoa e orbita uma atmosfera etérea e intensa.
“Meu Bem Te Quer” é um prelúdio envolvente. Prontamente, convida: “Deixa logo eu te mostrar / Como é belo o caminho / Que a gente vai passar”, em tom poético e intimista. “Mais Além”, faixa posterior, preserva o prefácio acolhedor: acalanta, acalma e embala, abrindo espaço para entoar a vibração mântrica e mística da belíssima “Mantra Cor Lilás”, que segue a soturna “Melô do Desespero”, primeira canção do disco a ganhar um videoclipe. Juntas, compõem um dos elos mais densos e intensos do álbum.
Sabendo que “Na Beira de um abismo/ Só decola quem tem asas”, Rogê segue lançando voos nas faixas seguintes. Em “Pra que a Vida Continue”, expande as nuances do primoroso trabalho vocal. Ao penetrar os ouvidos, “O que Restou de Nós” adentra a mais profunda cavidade do coração, desvelando as dores de um eu lírico emocional e visceral. Seguindo o baile, nos deparamos com toda a urgência trazida pelos beats rítmicos de “Amor de Si Mesmo”, que com sua sóbria e ávida aura, conforta e proclama: “Tá tudo bem”.
Tudo tão bem, que de súbito ímpeto me flagrei cantarolando o “tum tum” onomatopeico da cativante “Disritmia da Saudade”, um aprazível convite para chacoalhar o coração. Transmutando os ares, a introspectiva “Mártir do Existir” aguça a atenção, principalmente por agregar declamações que atribuem um forte caráter cênico à canção.
Em “Quando a Gente se Perdoa”, Rogê alcança o feito de cantar o autoperdão com um ritmo dançante e a leveza de uma pluma, que baila até culminar na sugestiva “Enfim, o Fim”, encerrando a viagem num tom lisérgico, onírico e catártico.
“Analosintético” soa, vibra e voa, escoltando os ouvidos numa intensa jornada emocional. As composições são singulares, esmeradas e exploram uma sonoridade marcada pelo experimentalismo de nuances plurifacetadas.
Conforme previsto pelo edital Circula MT, a primeira fase da turnê Analosintético estreou em Sinop, visitou Rondonópolis e chegará a Cuiabá para três apresentações, passando ainda por Várzea Grande e Chapada dos Guimarães.
O trabalho está disponível integralmente para audição no SoundCloud e YouTube. Todas as novidades podem ser acompanhadas na página do artista no Facebook.
*Carlos Valverde é publicitário e escreve torto por linhas certas, ou vice-versa.