A cantora, compositora e poeta ícone do punk Patti Smith nasceu em Chicago (1946) e cresceu em New Jersey. No final dos anos 60, aos 20 anos, mudou-se para Nova York onde conheceu Robert Mapplethorpe com quem viveu um grande romance.
Espírito libertário, despojada, andrógina, com cabelo sempre bagunçado é referência na moda onde inspira o feminino/masculino que combinam criativamente com a intensidade de suas performances e sua história.
Seu visual nada planejado (paletós, camisas, regatas, gravatas, coturnos), influenciou novas gerações de estilistas evidenciando a sua androginia, entre eles, a estilista belga Ann Demeulemeester que tem Patti Smith como musa.
Recitava poesias no lendário clube nova-iorquino CBGB. Sua poesia era intensa e verborrágica.
Em 1975 lançou seu álbum “Horses”, o primeiro dos seus 11 discos e um dos mais importantes álbuns da história do punk rock.
Influenciada por Arthur Rimbaud, pela rebeldia poética de Jean Genet (escritor e poeta francês) e pela música de Bob Dylan, ela misturou poesia nas suas canções pós-modernas com o existencialismo de Simone de Beauvoir.
A capa do álbum “Horses” obviamente foi feita por Robert Mapplethorpe (seu fotógrafo oficial) que conseguiu capturar a essência de uma geração inteira. Fã de Rimbaud e amiga de William Burroughs (escritor americano), Patti não tinha intenção de revolucionar com seu visual andrógino, ela era assim, a sua essência era andrógina.
“Tem gente que nasce rebelde. Lendo a história de Zelda Fitzgerald identifiquei-me com seu espírito insubordinado. Lembro de passear com minha mãe olhando vitrines e perguntar por quê as pessoas não chutavam e quebravam aquilo.”
Em junho de 2016 foi lançado no Brasil seu novo livro “Linha M” (Companhia das Letras), que conta suas memórias afetivas (agora com 70 anos) e dá vida aos seus fantasmas em “viagens literárias” provocadas por intuições, sonhos, recordações possíveis em encontros com Goethe, Frida Kahlo, Haruki Murakami, entre outros. Uma literatura de primeira grandeza que nos encanta. Um trecho de “Linha M”:
“Fecho meu caderno e fico sentada no café pensando sobre o tempo real. Será que o tempo é ininterrupto? Só abrange o presente? Será que nossos pensamentos são apenas trens passageiros, sem paradas, destituídos de dimensão, zunindo com grandes cartazes de imagens repetidas? Captando um fragmento de um assento na janela, com um idêntico fragmento no próximo quadro? Se eu escrever no presente, com digressões, ainda será em tempo real? O tempo real, raciocinei, não pode ser dividido em seções, como números no mostrador de um relógio. Se eu escrever sobre o passado enquanto lido simultaneamente com o presente, ainda estou em tempo real? Talvez não exista passado, nem futuro, somente um perpétuo presente contendo essa trindade da memória. Olhei para a rua e notei a luz mudando. Talvez o sol tenha se escondido atrás de uma nuvem. Talvez o tempo tenha escapado.”
Good vibe!