Aqui estou ruminando memórias como um boi no pasto. Caminho entre versos que se abrem num horizonte sem fim de palavras “descritas”, um vasto horizonte onde rebanhos pastam o verde longínquo de pinceladas históricas.
Humberto Espíndola faz história nesse imenso universo das artes. Sua plástica transcende formas e cores para se materializar em conceito. Mas é poético esse conceito que precede toda sua trajetória.
Lembro-me da sua figura, sentado à cabeceira da mesa posta para o almoço, coroado de êxito pela grandiosidade da sua obra onde a majestade do boi, plácido e misterioso, parecia transitar num território simbólico carregando os signos de um processo civilizatório.
Meu entendimento juvenil na época, não conseguia alcançar a dimensão do que sua arte representava. Agora sei, pois aprendi ao longo dessas décadas a capturar o conceito, além da poesia. No meu precário mundo de figurações imaginárias, a concepção do inexorável era marcada pela ideia do destino dramático do boi condenado em vida a servir-nos após a morte. Mal compreendia a dinâmica econômica da bovinocultura, mal compreendia as cercas de arame farpado delimitando as fronteiras do poder. Nem sequer suspeitava que por detrás das figuras simbólicas todo um gigantesco sistema movimentava minha realidade imediata.
Tudo me era remoto e distante como um mugido que se perde ao longe no silêncio do pasto.
Hoje vejo com clara certeza o que apenas intuía naquela época. E como disse o poeta, “a intuição é sempre salvadora”. Mas o melhor de tudo é que do alto dos seus setenta e seis anos entre os versos e reversos de sua arte, ele nos brinda com uma obra literária: “Pintura e verso”, publicado pela editora Entrelinhas nos traz em cores, formas e palavras, a alma poética de Humberto.
Puxa vida Anna Amelia! Eu mesma não escreveria melhor. Valeu a pena você conhecer Humberto há mais de 40 anos. Não é que a menina de quinze anos agora é uma escritora!? Viva!
[…] estamos na mesma vibe do Brasil, do mundo e Cuiabá sob intensos trabalhos de Aline Figueiredo, Humberto Espíndola, João Sebastião, Dalva de Barros e Clóvis Irigarai, esses são os pilares que basearam a […]