Ísis Marimon
(Texto inspirado numa reportagem da SuperIntessante onde a jornalista passou sete dias sem usar plástico).
Tá cheirando a plástico queimado?
Cuidado! Eu estou pensando. Proteja seus neurônios! Quando eu penso é um perigo. – Sei que pensar é “dangerous”, mas sou o tipo de pessoa que adora pensar, considero útil e proveitoso. Pensar causa muitas sensações, das melhores às piores possíveis.
É-me, porém, impossível deixar de pensar. Na verdade, navego num mar de ideias que dançam em torno de si mesmas e se arrodeiam junto com todas as outras.
As vezes é uma sinfonia, em outras, o mais absoluto caos. Mesmo assim eu penso. E agora então, estou girando como um carrossel, um pequeno carrossel de cavalinhos de plástico onde cada um, dos seres pensantes que me habitam, rodopia.
Uns riem, outros choram, querem pular do carrossel de cavalinhos de plástico. Eu acho que o cheiro de plástico (química queimada) vem desses cavalinhos, do atrito de suas patas acrílicas no chão do meu pensamento.
Tenho muitas ideias de plástico, uma infinidade delas, e o pior é que só me dei conta disso hoje de manhã quando o alemão (meu primo Dario) indicou-me uma reportagem da Super (Interessante!!!) sobre viver sem plástico.
Por sorte eu usava um jeans 100% algodão (mas não posso garantir a etiqueta) e uma batinha natural, com ingredientes vindos diretamente do campo, enfeitadas com minúsculas lantejoulas. De plástico?
Pois é, acho que as lantejoulas são de alguma espécie de plástico.
Ah! E o zíper. Minha calça tem um zíper. Ele deve ter plástico. A simpática jornalista da Super (Interessantíssima) lembrou desse detalhe na fantástica reportagem (ela passou até sede, depois bebeu água Perrier… Tudo tem compensação).
Sou um serzinho detalhista ao extremo. Acho que minha calça foi costurada com uma linha sintética, tenho quase certeza. A etiqueta omitiu esse detalhe, deve ser de plástico.
Ai! Aonde o mundo vai parar?
– Numa grande gaiola. De plástico!!!???
Isis Marimon é poeta
