Por Fauno Guazina

QUEM DENTRE VÓS POSSUI O POVO COMO ESCUDO?

Quem dentre vós pode caminhar livre entre a gente?

Quem dentre vós realmente não se esconde atrás dessas aparências de benevolência?

Quem de vocês hão de sorrir quando os pobres vencerem?

Quem há de pagar o mesmo preço do serviço doméstico que se paga em Viena para não se ter mais tão pobres assaltos assim?

Quem respeitará as putas, travestis e michês, como os de Amsterdã e terá cu pra pagar e assumir seus fetiches não tão cristãos assim?

Quem dentre vocês pode de fato sair de dentro da casca e não revelar um monstro fascista e rancoroso arranhando numa prisão interna, um monstro tão vil e amargo que suplica para que os outros não tenham chances nem direitos, pois tem medo de ser visto como é…

Quem dentre vocês conseguirá de fato ser feliz em seus maravilhosos eventos sociais e clubes e clínicas de cirurgias plásticas?

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Quem de vocês se olhará no espelho e não perceberá que é tão pobre quanto qualquer outro que você conhece, talvez só teve privilégios a mais. O analfabeto não é mais nem menos “burro” que o letrado, só não teve o privilégio de aprender.

Quem dentre vocês não perceberá que sua luta contra a comunidade LGBT não passa de puro ódio e que isso te torna uma das piores pessoas para qualquer religião ou seita do mundo, inclusive o ateísmo.

Quem dentre vocês será lembrado com amor pelas futuras gerações…

Quem dentre vocês não terão seus nomes ligados ao mesmo lado de Hitler e outros brasileirinhos que já se invocam como golpistas com orgulho e com apoio do STF.

Quem dentre vocês eu realmente quereria que estivesse ao meu lado na “hora-h”.

Quem dentre vocês eu terei de esquecer por conta de seus rancores que machucam de fato a carne e a mente dos que eu posso chamar de meus.

Quem dentre vocês, muitos que são carne da minha carne, eu terei de apagar do meu futuro.

Quem dentre vós?

Se levantem, se levantem agora!

Até os covardes que sentados escolheram seus lados!

Escolham todos seu lugar na história!

Pois “meu amor, vem pra casa que ouvi dizer que vai estourar a guerra”.

(trecho que me dá um misto de medo e consolo do poema “Para um Amor na Rua” de Elisa Lucinda).

Fauno Guazina é produtor cultural, designer e professor universitário.

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