O mato queima
Grosso
Grossas colunas fumegantes
Parece a boca do inferno – profecias alucinantes se erguem
Mato Grosso queima
Queimam livros
A educação retorna ao pó
Tempo de morte
Os símbolos deitam e rolam
Dançam garrafais às gargalhadas
O grande Clown
Ri com os dentes arreganhados
Escárnio
A boca que ri da boca que chora – 9 de setembro um prédio da secretaria de educação sob fogo cerrado
O cerrado queima em Chapada dos Guimarães
De novo
A sincronicidade do simbólico
O Portão do Inferno queima
Queimam as migalhas da educação pública
Os jovens queimam
O giz ao pó retorna
Entre escombros
O guri caminha com os pés queimados
Pelas beiradas
Tudo queima
O ar cinzento azulado – respiramos ares de morte da paisagem agonizante
Afogamos – tosse tosse tosse –
Gás carbônico assola atmosfera
Parece sorrir dos infernos
A cidade arde e desaparece numa invisibilidade absurda
Mas, real
Assombra
Flores murchas, cães inertes, pau seco rodando nos redemoinhos traiçoeiros que surgem do nada