Acordo, ligo o som em “Brave Blues” e começo este texto. É a mesma história que irei recontar, e todas as vezes, com novos fragmentos do nosso passado, e olhos atentos no futuro. As altas temperaturas do Centro-Oeste do Brasil chamaram a atenção da revista Rolling Stone, que na edição desta semana citou a Theo Charbel e as Piratas do Cerrado. A conquista desta jovem compositora e música é ser reconhecida ao lado daqueles que sempre acompanhou, como Macaco Bong, Vanguart, Carne Doce, Boogarins.

Ela me conta que por coincidência, uma aluna que ia ter aulas de violão com ela disse que a viu na Rolling Stones desta semana. Não acho que seja coincidência, justamente na semana que soltamos a matéria da Theo sobre “Os artistas do mato que fazem sucesso na metrópole” – e ela cita estes artistas e outros.

13754309_997304393722248_5705369638992064613_nFazer rock’n’roll na nossa Hell City é uma luta árdua, que deve ser travada apenas pelos legítimos sonhadores. Afinal, é preciso ter estômago forte para lidar com tudo o que acontece. A Theo Charbel, como muitos músicos fizeram antes dela, pegou a sua mala, seus instrumentos e voou para São Paulo para iniciar um novo momento musical em sua vida. A banda continua já que a baixista Isadora Pinotti também alçou seu voo para a maior cidade do país.

Por exemplo, duas das bandas citadas estão off: Engenho de Dentro e Lynhas de Montagem. Mas da Engenho, Rogê Além continua a tocar seus projetos. A cena se mantém, mesmo que muitos tenham que partir em busca de oportunidades melhores. Daqui, segue na ativa a Esmalthes.

Este caminho da música não é fácil, no Debate na #tchapa que fizemos com Hélio Flanders do Vanguart, via Skype, ele contou como é a realidade, e as duras penas que passa para se manter daquilo que aquece a alma. Quem escolhe este caminho sabe bem o tanto que é preciso trabalhar para poder viver de música. Hélio é um exemplo, que mesmo com todas as dificuldades, se manteve em São Paulo com a banda e viaja todo o país com suas canções.

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Foto: Pedro Ivo

Agora, com a parceria do pai Capileh Charbel, Theo tem à disposição um home-studio para criar e pirar com toda a liberdade, e claro, sobre a tutela musical de um dos maiores guitarristas que Mato Grosso já criou – seus acordes ainda me assustam quando escuto Caximir e penso – eu conheço este ser humano? Sim. Eu conheço.

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Foto: Pedro Ivo

Desde criança, eu vejo a Theo perseguir seu sonho de música. Somos primas e crescemos juntas. Tínhamos uma “banda” (imaginária mesmo, rs). As letras eram bem toscas, apesar de que lembramos delas até hoje. Mas isto é só para mostrar que lá atrás, ela já sonhava com a música. Sua mãe, Glenda é pianista. Seus tios tocam viola. Sua família é o Caximir.

Este reconhecimento da música produzida aqui é de encher nossos corações. Afinal, sabemos da luta de nossas bandas para se apresentar em poucas opções de casas de shows, temos aqui Cavernas Bar e Casarão do Boa, que sempre abrem suas portas em parceria com os músicos. E isto é importante. Pois cada banda tem sua rede, tem suas conexões, e levam seu público.

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Snapchat de Theo Charbel

Sonhos são construídos em conjunto e uma citação na Rolling Stone fortalece este sentimento de seguir adiante, que o caminho é este, mesmo que tortuoso, é o caminho do coração. Theo, vai longe menina! E voa para nós, que o ninho é o mundo!

Foto da capa: Raphael Nilkerson

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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