O que é a vida sem arte? Ela, que é consumida por tantas pessoas, é alimento para quem produz! Quem respira e vive de arte não tem outra escolha, senão ser e interpretar expressões artísticas. O Roteiro dessa semana traz um compilado de performances e tem, nessa edição, como colaboradoras Marianna Marimon e Michelly Thomaz.
Merci beaucoup, blanco! | Michelle Mattiuzzi
“A expressão “merci beaucoup, blanc!” tem origem latina e, na França, é usada para designar gratidão. Ao adicionar a “blanc” (que significa branco em francês) a letra “o”, a palavra se aproxima do português “branco”. Na obra, a artista pinta o próprio corpo negro com tinta branca, propondo uma reflexão sobre a linguagem como ferramenta de propagação do racismo. Movendo-se entre a fotografia, o cinema e a ação ao vivo, Mattiuzzi elabora uma estratégia poética de afirmação das lutas políticas na vida cotidiana de comunidades racializadas.”
Vale assistir essa entrevista com a artista!
Maiêutica | Raquel Mützenberg
“Partejar de ideias. Ideias que compõem um corpo-matéria que se dobra, desdobra e se faz em dobras, atualiza e condensa as fisicalidades e a plasticidade de seres em cena. O corpo é recurso material e plástico, que se deixa dividir ou multiplicar pelas subjetividades femininas: a capacidade de renascer de si mesma.”
Ficha técnica: Performance e boneco: Raquel Mützenberg // Vídeo: Carol Marimon // Edição: Marcelo Sant’Anna // Trilha sonora: André Gorayeb e Raquel Mützenberg // Assistência: Millena Machado
Bombril | Priscila Rezende
A Babá Quer Passear | Flávia Cavalcanti
“‘A Babá Quer Passear’ me surgiu em um sonho. Sonhei que era uma babá e estava dentro de um carrinho de bebê gigante e cor-de-rosa. Essa imagem reverberou em mim por dias, decidi então reproduzir esse sonho com o intuito de provocar a discussão sobre a invisibilidade da empregada doméstica no Brasil – afinal, a cena se repete quase que diariamente: mulheres negras periféricas em situação de vulnerabilidade social/econômica atuantes no trabalho doméstico. E se invertêssemos os papéis? E se agora a babá quisesse passear, dar uma volta, se distrair, ser cuidada? A intervenção começa, o carrinho é estacionado, suas proporções e cor criam uma atmosfera lúdica, e o convite aos transeuntes é feito através de um balão branco pregado ao carrinho com os dizeres: ‘A Babá Quer Passear’. Este trabalho é uma crítica contundente às condições das empregadas domésticas no Brasil. Tem o objetivo de provocar a reflexão acerca do trabalho doméstico e todas as subjetividades que o envolve. Pensar bem-estar, autoestima e poder de escolha na contemporaneidade.”