Rodivaldo vive! Revive em nossos pensamentos e ações. Vive por aqui alimentando possiblidades e dando voz a escritoras, escritores e escritorxs normalmente fora do sistema editorial limitado e excludente, principalmente para negros, indígenas e lgbtq+, os marginalizados, os outsiders, os que vivem à margem de uma forma ou de outra.
Explico, com o prêmio de literatura lançado pelos editores da Ruído Manifesto, revista literária eletrônica idealizada por Rodi e vários parceiros, contemplam o segmento de cor e gênero mais marginalizado da história criativa e cultural do país. Por conseguinte de Mato Grosso também, é muito comum hoje, a expressão literária de negros e negras serem decantadas em prosa e verso pela crítica contemporânea realçando a disparidade entre publicados na história da literatura brasileira de maioria esmagadora de brancos e brancas, aliás mulheres também sempre foram colocadas em um plano de inferioridade na história das artes e da cultura.
Isso equivale a uma política de cotas, abrir espaços para a participação de um tipo específico de pessoas a partir de um recorte contido na proposta inicial do próprio concurso que era um desejo de Rodivaldo Ribeiro. É dirigido para nichos específicos. Uma forma de corrigir distorções históricas inegáveis. É só dar uma pesquisada e observar a discrepância entre a quantidade de autores brancos e masculinos publicados na história cultural dos povos daqui.
Há muito pouco tempo que estamos vendo vozes e mais vozes, antes silenciadas, de Maria Firmino do Reis, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, de gerações mais antigas, e recentemente as vozes mais contemporâneas como Eliana Alves Cruz, Djamila Ribeiro, Mel Duarte etc., em que pese o peso literário na história brasileira de um Machado de Assis, Lima Barreto, Cruz e Souza que são cânones. No entanto, sabe-se que até hoje a literatura estudada nas escolas é majoritariamente europeia e masculina, mesmo o maior autor nacional sendo um homem negro – Machado de Assis. Em Mato Grosso temos Luciene Carvalho, poeta e primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia mato-grossense de Letras, começa a despontar Wuldson Marcelo, e Rodivaldo com seu trabalho com o Ruído Manifesto, publicou um livro e vinha se mexendo na literatura e morreu tão abruptamente, de forma precoce, se é que existe isso! Autores indígenas também despontam no cenário cultural do país. Uma história que começou a ser contada em livro por nomes como Eliane Potiguara, Kaká Werá e Daniel Munduruku, e que hoje encontra novas vozes, linguagens e temas. Sem falar nos veteranos como Ailton Krenak e Davi Kopenawa que vem despertando mais e mais o interesse do grande público.
Além da importância de se segmentar as oportunidades, não podemos esquecer do papel da memória nesse sentido de homenagear uma pessoa comprometida com a causa da literatura e da luta por ofertar espaços para a participação de negros e lgbtq+.
O I Prêmio Rodivaldo Ribeiro de Literatura de contos e poemas inéditos será lançado neste sábado, 16/01, com premiação em dinheiro, somando um total de 12 mil reais. A proposta estimula a escrita e publicação da produção inédita e de autoria negra, indígena ou transgênero em Mato Grosso.
A curadoria, formada por três convidadas, selecionará dez contos e dez poemas inéditos que irão compor a antologia “I Prêmio Rodivaldo Ribeiro de Literatura”, a ser publicada em edição física e em e-book. Dentre as obras selecionadas, serão premiados em dinheiro os primeiros colocados nas categorias conto e poesia (com 2 mil reais cada), e do 2º ao 5º lugar em ambas as categorias (com mil reais cada).
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O prêmio
O I Prêmio Rodivaldo Ribeiro de Literatura é um projeto social e cultural selecionado pelos Editais Emergenciais Aldir Blanc, por meio da Seleção Pública MT Nascentes nº 05/2020/SECEL/MT.