1.
Salvo pelo gongo!
Salvo pelo si(g)no gon(gótico) salvo pelo gon(g)(z)o. pare! estou zonzo com essa história toda. histérica e sem sentido.
as portas abertas para o jeito livre de escrever. no fluxo do pensamento. tão antigo quanto Dadá(ismo). tão novo quanto a tinta da parede num pós script pós moderno pós galerias de arte. a rua é que é o barato. a gurizada quer rua quer praça quer arte quer raça nesse jogo da vida.
é na música que os humanos se igualam aos pássaros.
um deles, de peito amarelo veio até aqui e está a ouvir a música com a gente. a música do céu.
dá um mergulho rasante no centro do pátio. Gotham Project na eletrola. tão novo quanto um tango de Gardel. Bons Ares em Paris. a América del Sur se insurge e reina nos recantos e cafés parisienses. nos passos dançantes de Dieguito Maradona, los hermanos do Sul dominam biene una peleja.
2.
Salve, salve!
escrever com pés de samba. escrever como passos de tango a deslizar pelos salões brilhantes. escrever como o pulsar das estrelas. Quasar. quase lá. você já viu a imagem de uma explosão estelar? você já viu o paraquedas falhar e não se abrir arremessando o corpo em queda livre ao chão como uma explosão celular? caos. caos.
no fim, era o precipício, no fim, a queda. o susto.
a troca definitiva do lado da moeda.
3.
a tela piscando. Facebook! Oh! tempos velozes!
Carlinhos, da Chapada, da Arto Galeria, amigo de eras, posta msg: -Dudu, tem uma encomenda para você, pode passar aqui hoje a tarde? – Posso! respondi de bate pronto.
lembrei que certa vez, no Rio de Janeiro, nos tempos da faculdade de Arquitetura, recebi uma notificação de uma encomenda que veio da Índia. Correio de São Cristóvão. pensei que só podia ser de um piloto de Boeing indiano que conhecemos num restaurante perto da praia, em Copacabana. rimos muito, pois ele nos perguntava do outro lado do balcão, como se comia aquela iguaria, um pote de feijão na sua frente, fazia gestos de tomar como sopa, ríamos ríamos, daí ensinamos, mistura no arroz, na farofa. depois do jantar, um cigarro, e rolé pela orla na avenida Atlântica, entre risos e inglês arranhado, mal falado, mal comunicado, enfim… nunca fui buscar essa caixa. O Correios dava 30 dias de prazo para pegar a tal da encomenda. até hoje sonho, imaginando o que podia conter aquela caixa.
ao chegar na Arto Galeria, Carlinhos me recebe com a euforia de sempre. novidades disparadas de sua boca como metralhadora tresloucada. blá blá blá blá blá. acabou de chegar do Rio de Janeiro e trouxe uma encomenda enviada por Regina Pouchain, contendo um livro seu, uma página inteira do jornal O Globo dedicada à exposição “O poema infinito de Wlademir Dias Pino” no MAR – museu…
4.
quase um nocaute. nock down.
fui às lonas e voltei. agarrado às cordas. tentando acordar. sair da letárgica sensação de desligamento.
luzes, cruzes cruzam minha vista. não diviso horizontes. elas dançam, dançam. num relance. salvo pelo gongo.
wladipino vira o jogo e (e)leva o poema ao infinito.