*Por Luiz Renato de Souza Pinto
Ano passado estive no Nordeste por sete vezes, por várias motivações. No mês de janeiro, de férias, fui visitar um amigo de longa data, que não via há mais de vinte anos. Essa amizade é fruto das andanças do garçom performático que vendia poemas nos bares e restaurantes pelo Brasil afora, entre 1993 e 1994. Carlos Barros abriu as portas de sua casa em Recife e pudemos partilhar bons momentos de revisitação da memória e de ordenamento do presente. A amizade ressurgiu com mais força e vigor e sai agora em livro de crônicas, parceria Mato Grosso/Pernambuco, neste segundo semestre, pela Carlini & Caniato; crônicas em Duplo Sentido. Nessa viagem fomos até Sapê-PB conhecer a atmosfera que embalou a poesia de Augusto dos Anjos.
Mas quero falar do que me ocorreu em maio, quando, na cidade de Garanhuns – PE, participando de outro evento acadêmico, pude conhecer uma pessoa que entrou para o rol das boas amizades, em função de algumas particularidades, sobretudo o respeito intelectual, de ambas as partes. Essa ex aeromoça, que já morou na Colômbia, ex dona de escola experimental em São Paulo, profissional da educação sem papas na língua e autora de várias obras, tanto de crítica, metodologia educacional, como de livros infantis, é dessas pessoas iluminadas que traz na palavra o arado para cultivar a terra prometida pelos governantes e que nunca é entregue: a seara da educação. Rossana Ramos me fez interessado por um concurso em sua cidade de domicílio atual, Petrolina – PE e para lá eu fui em agosto, durante a última greve dos institutos federais.
Participei do certame, fui aprovado, mas por questões maiores acabei não indo para a Universidade de Pernambuco, o que por si só daria uma crônica: A mala, que com certeza escreverei em breve, assim que as ideias me assentarem todas na cachola, cada qual em seu lugar. Essa mulher sensacional publicou vários livros infantis, dentre os quais alguns que estou adaptando para teatro e que virá à luz em 2017, encenada por alunos do IFMT, Campus Octaíde Jorge da Silva, aqui de Cuiabá. Os trabalhos já começaram com a aprovação de projeto de pesquisa para a adaptação do texto, pesquisa acerca dos temas transversais, oficinas de cenografia e sonorização, dentre outras atividades.
Estive no final do ano em casa de Rossana, às margens do rio São Francisco, e pude celebrar junto aos seus um final de ano maravilhoso em que sonhos se projetaram em nosso caminho, que é feito de sinuosidades com as quais aprendemos a conviver. Em fevereiro deste 2016 desisti do concurso, resolvi ficar mesmo no IFMT e voltar para perto dos meus. Longe da saudade do que poderia ser, estou feliz pela presença na cidade em que moram meus familiares. Certeza mesmo, só a de que fiz o que achei que deveria ter feito. A amizade perdura e voltei a Petrolina para buscar livros que havia deixado, passar em Recife e buscar alguns pertences que por lá deixei. A mala mudou-se de Petrolina e ainda está no Recife. Espero ela chegar, pelas mãos de um amigo, já que o excesso de bagagem me teria taxado, para poder escrever a tal crônica e fechar essa página.
Em breve espero pode viabilizar, junto aos colegas professores de língua materna, a vinda de Rossana Ramos para conhecer nossa cultura de perto. Tenho falado dela para os colegas do Campus Octaíde e pretendo que ela venha nos brindar com seu conhecimento em uma formação continuada para os profissionais de nossa área. De qualquer forma, ela prometeu vir assistir à estreia da peça no ano que vem. E disse que vai trazer o seu editor também. Que assim seja, minha amiga: que assim seja! Até lá!
*Luiz Renato de Souza Pinto, poeta, professor, pesquisador de literatura, ator e eterno Caximir