Por fauno guazina*
Nos últimos tempos tenho me deparado com muitos debates sobre o ser ou não ser, os outros e o eu, e todas as implicações que percebo de felicidade, seja ela a própria ou a alheia. Sei que parece confuso, mas o que me tange neste ponto é que venho aqui divagar mesmo.
Não há nada no mundo se não opiniões, mas existem aquelas que só servem à destruição, dessas, recomendo a distância. Matemos de fome os desejos sombrios da raça homem. Essa “raça”, o homem, parece precisar massacrar tudo que não é homem, forma vil e comum de se exaltar através de pisar nos coleguinhas.
Eu sei amigx, todo mundo tem um drama interno. E eu estou falando de você mesmo, de você que está me lendo e pensando o que esse cara sabe dos meus dramas, das minhas verdades, mas este é o ponto: eu não sei, mas acredito que é importante e que a única forma disso ser valorizado é compartilhando. Já disse mais de uma vez, o que vale é quem está ao seu lado e não a estrada em si, quando compartilhamos tornamos eterno nossa comunhão, nossa humanidade.
De verdade, eu queria saber exatamente como é ser você, “mas tá difícil ser eu, sem reclamar de tudo” e só existe uma forma a forma de cada um, ou seja, 8 bilhões de formas nesse mundinho. Não é mais preciso sofrer, mas os homens querem testar seus podres poderes, eles não precisam ser detidos, eles precisam entender…
Este é um manifesto de um falo que tem plena certeza de que ser homem é muito pouco. Tudo o que aprendi na sociedade e no mundo sobre o que é ser homem não só me faz ter vergonha, mas me faz temer pela humanidade toda. Eu sou fauno, não sou homem, eu sou fêmea quando sou maternal, sou macho quando sou protetor, sou bicha quando louca, sou desvairado, maquiado, barbudo, de saia, de calça, de sapato social, sou menino, sou filho, sou mãe, sou pai, sou amigue, sou guerreiro, sou a metamorfose ambulante que Raul gritou.
Ser só homem é reduzir o dom da minha vida a uma ilusão besta, fria e estéril. Vivo para dias em que não se precise mais dizer “eu sou”, pois nesse dia todos saberão que podem ser o que quiserem, pois são humanos e irmãos, mas além de tudo: saberemos que tudo vira bosta, um dia depois.
*fauno guazina é produtor cultural, designer e professor universitário.