Prêmios literários, musicais, cinematográficos, normalmente são bobagens, fruto muitas vezes de arranjos entre amigos e grupos, ou do interesse de quem premia, assim são formadas as comissões de análise, já com intenções prévias delineadas. O resto é visão purista e ingênua.

Acontece que tem prêmio que é muito bem vindo, independente desses esquemas, quando alguém da periferia é selecionado, como é o nosso caso. Na realidade brasileira a importância de Mato Grosso no cenário cultural é ínfima, apesar de eu não concordar com os critérios de avaliação. Na cultura a régua não pode ser reta, existem parâmetros distintos para analisar as diferenças, a afirmação delas na mídia por exemplo é o que pega, pois os valores são exageradamente mercadológicos, enquanto a lógica da cultura passa por outras percepções.

Quando se está em disputa, nacionalmente, e leva uma premiação, é de se pensar que, no mínimo é coisa boa para nós aqui. Nesses novos tempos em que é quase uma obrigação falar em distribuir de forma mais equânime, também em termos regionais (eu diria, geográficos), é muito bem vinda para Mato Grosso a notícia de que o projeto “O Brasil pelos brasileiros: digitalização da produção científica da Comissão Rondon”, da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso, é um dos finalistas do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1987.

75_rondon_195-3a1

O objetivo do projeto é reunir, em um único volume, os 87 relatórios produzidos pela Comissão Rondon ao longo de mais de meio século de trabalho. A obra será editada pela Carlini e Caniato.

Quero falar aqui dos editores, de como é bom ver que fazem um trabalho editorial de primeira linha aqui e também de como é importante essa valorização da produção local pela Secretaria da Cultura de Mato Grosso.

75_rondon_195-2b1

È muito bom ver que a editora Carlini e Caniato de Cuiabá seja a contemplada com a editoração do projeto. A editora tem uma história de resistência, em que dois amigos, Ramon Carlini e Elaine Caniato, encararam o duro desafio de empreender uma editora. Coisa de loucos e de apaixonados pelos livros.

Fabricar livros é coisa de sonhadores, gente que acredita no poder do conhecimento como o meio mais rápido de transformar pessoas. É preciso valorizar muito quem se dedica a essa causa e tarefa. O mercado é muito ruim. Somos pessoas de um país que pouco lê livros. É um produto caro e existem poucos espaços públicos que ofertem o livro. É muito justo que tenha mais bibliotecas públicas e apoio a todas as iniciativas que incentivem a leitura.

 

 

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here