Viver em uma democracia garante direitos e pressupõe deveres. Exercer a cidadania é responsabilidade de todos que convivem em uma sociedade. Participação e envolvimento são prerrogativas de cada um de nós. A nossa missão enquanto cidadãos é muito maior do que depositar um voto em uma urna a cada dois anos. E foi justamente nesse período de dois anos que o Cidadão Cultura nasceu, cresceu e continua evoluindo e se desenvolvendo enquanto ferramenta e laboratório de comunicação, cultura e arte.
Este experimento quase científico exige labor diário. É uma estrutura que sempre se pretendeu complexa por abrigar múltiplas linguagens e possibilidades. A existência do Cidadão Cultura é reflexo de uma animação que acontece em todo o país, a resistência das mídias independentes. Estas mídias propõe uma nova maneira de comunicação, com propostas diferentes e inúmeros vieses. É saudável e tem impulsionado uma mudança nos meios de comunicação considerados tradicionais, a grande imprensa. O mundo assiste atento e atônito aos impactos das fake news no concreto da realidade. Notícias falsas impulsionadas por exércitos de bots, verdadeiras fazendas de robôs virtuais, a nova modalidade do obscuro mercado dos algoritmos.
Tudo passa pela educação e pela cultura. Este portal tem reunido um conteúdo extenso ao longo destes dois anos de produção. Falamos sobre identidade de gênero, feminismo, política, filosofia, podres poderes, cinema, música, teatro, arte, história, legalização das drogas, agronegócio, meio ambiente, povos indígenas, pessoas em situação de rua, tecnologia, comunicação, projetos culturais, movimentos sociais, movimentações artísticas, resistências, tradições, rupturas, vanguardas, passado, presente, futuro. Falamos com intenção de provocar a reflexão e a ação. Afinal, de que serve tanto conteúdo se não utilizamos? De que serve tanta consciência se não agimos? Se não participamos? De que serve saber se não compartilhar? Tenho pensado sobre o que retemos, aquilo que impregna na nossa pele e nos move para um outro lugar que não aqui.
Parece que chegamos em um ponto crucial, a encruzilhada do caminho. Conseguimos enxergar as estruturas racistas, oligárquicas, machistas, patriarcais, latifundiárias, e reunimos toda a força possível para movê-las de sua posição confortável de poder e transformá-las em estruturas sociais, inclusivas, compartilhadas, comunitárias, colaborativas, participativas.
Com todo o acesso que temos, é necessário esse movimento, levantar, ocupar os espaços públicos, resistir nas ruas. O Cidadão Cultura é uma dessas possibilidades, mas não é a única. É preciso ir além do que está posto, avançar nas nossas inquietações, provocar a ação da mudança. Por mais que nos isolemos em nossas bolhas virtuais, não estamos sós. O diálogo não existe na base do grito, da disputa, da incompreensão. Para existir diálogo é preciso chegar ao outro, vestir a sua pele, calçar os seus sapatos para que haja troca e da troca, identificação, construção, compartilhamento.
Então, caminhemos. Avante Cidadão!
belo texto, palavras podem não mudar o mundo mas ajudam a compreendê-lo e provocar movimentos na direção das mudanças! parabéns!
Marilinda!
O trabalho de vocês é fodástico e essencial. E quem trabalha com cultura sabe que isso se deve ao esforço contínuo de um núcleo que vai tocando o barco, sempre. Parabéns pelo niver! Avante!