Pense em alguém que nasceu para contestar, criar caso e ser inigualável em matéria de controvérsia musical. Já sei, pensou em Tom Zé.
Filho de uma família rica por conta de um bilhete de loteria viveu a infância no sertão baiano como todas as crianças da região e aos 14 anos muda-se para Salvador para seguir seus estudos ginasiais, não sem antes cunhar uma frase que marcou sua trajetória. “Minha cidade natal era pré- Gutemberguiana“ , e explicou que sua música era transmitida por comunicação oral.
Adolescente, passa a se interessar por música e estuda violão. Sempre descontraído vai parar em alguns programas de calouros de televisão, e acaba entrando para a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, que tinha ilustres professores na época, como Walter Smetak e o dodecafonista Hans Joachim Koellreutter.
Sua vida dá uma guinada no início dos anos 60 quando conhece a turma do que seria o movimento tropicalista, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethania.
Segue para São Paulo, e participa ao lado de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa, de outro espetáculo de relativo sucesso, “Arena canta Bahia”, dirigido por Augusto Boal e apresentado no TBC, antigo Teatro Brasileiro de Comédia.
Em 1968, lançou, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, dos poetas letristas tropicalistas Torquato Neto e Capinam, e dos maestros e arranjadores Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzella, o LP manifesto “Tropicália ou panis et circensis”, no qual o grupo firmou as bases do Tropicalismo. Nesse mesmo ano, participou do IV Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record de São Paulo, obtendo a primeira colocação com sua composição “São São Paulo, meu amor”, e a quarta colocação com “2001”, em parceria com Rita Lee, defendida pelo grupo Os Mutantes, e que também levou o Prêmio de Melhor Letra. Seu primeiro LP individual, “Tom Zé”, foi lançado ainda em 1968.
Em 1977, trabalhou na agência de publicidade DPZ, ao lado de Washington Olivetto, Roberto Dualibi, F. Petit e Zaragoza.
Na década de 1980, trabalhou com música experimental. Nessa época, realizou um concerto no Teatro Municipal de São Paulo, onde sacudiu a platéia com sua música tida como atrevida e pouco palatável
Sua carreira internacional é marcada por homenagens que o controverso músico nunca teve em seu país, pois, seu trabalho é reconhecido nos Estados Unidos, Europa e Ásia como um trabalho revolucionário, a ponto da Revista Rolling Stones, e do jornal New York Times, o considerarem um dos mais criativos músicos da era moderna.
Inquieto, sertanejo cosmopolita, posto de gasolina em Irará, David Byrne, palcos do mundo, Moma e a arte levada às últimas consequências. Tom Zé é claro!!
Paulo de Tarso é jornalista, radialista, pesquisador e produtor musical. Palmeirense verde!
show!!!