Ué, você não escolhe ser quem você é?

Eu pergunto: qual a medida para sermos quem decidirmos ser? Eu mesmo respondo. Essa pergunta vai ter respostas iguaizinhas quando feita em datas diferentes. Por exemplo na modernidade, educação era reflexo de uma sociedade de controle, a formação do cidadão e um ambiente em benefício da paz social, o Estado forte, a padronização do sujeito. A subjetividade era deixada de lado em benefício da maioria. Se você ler o francês Foucault, vai achar outras palavras dizendo o mesmo. Certo. Então nesse período existia um plano para te determinar. Ou dizendo com outras palavras a mesma coisa, forças que te conduziam para te convencer a ser quem você é, ou melhor, foi. Ou seja, na modernidade você não escolhia ser quem você era. E se eu fizer essa mesma pergunta para Vossa Personagem Curiosidade (seu nome temporariamente, por isso em maiúsculo) em 2016? Calma, na idade média a educação era para poucos e determinada pela igreja, que só veio beneficiar a maioria com o interesse de ganhar mais fiéis, pois estava em guerra de poder na contrarreforma. Nessa época ou você defendia que Deus existia ou você ia pra fogueira, querideza. Desse jeito! Para esclarecer, minha opinião pessoal de suposto poeta é que determinar tempo e hábitos de seu polvo é universalizar demais a informação, mas mesmo assim tenho certo interesse nisso por cultivar olhares de ótimas pessoas observadoras de outras pessoas, os voyeurs de conhecimento dos hábitos humanos. Voltando à resposta, cruzando a idade média com a modernidade, e citando agora Homero, numa educação aristocrática, de formação de heróis de batalha, lá dos antigos, digo com certeza que você não decidiu coisa nenhuma o que você vai ser quando crescer. Os modelos mudam e sempre vai rolar perseguição contra sua pobre pessoa. Você não muda, as coisas não mudam, elas transbordam em reorganizações menos ou mais autoritárias/mortais no modo de tratar o indivíduo. A razão e a ciência nos salvaram das garras e dos dogmas religiosos, mas nos entregaram às guerras, portanto o que escolhemos ser é uma falsa opção que temos e isso é terrível saber.