*Por Simone Ishizuka
Viajar é sempre bom, ainda mais quando você tem um contato com um mundo totalmente diferente do seu. Os temperos, as variadas belezas que você encontra nas ruas, além d’aquele astral que só quem está fora do país sabe como é. E isso você pode desfrutar sozinho, sem amigos, sem família ou namorado e além de tudo, com pouca grana. No entanto, há algumas ressalvas para fazer antes de tomar este passo importante, que com certeza vai mudar muito os rumos da sua vida.
Uma das primeiras coisas que digo é: não se iluda com títulos próximos a ‘Viaje o mundo gastando quase nada’. Por mais encantadoras que sejam, as coisas podem não ser tão boas quanto parecem.
É lógico que gastar o mínimo é o básico. Economizar é tudo nesse mundo. Mas ir na cabeça de quem viajou não sei quantos países sem um p* no bolso é demais. Até porque, estas pessoas podem muito bem ter reservas não declaradas e pais que podem bancar, caso algo dê errado. Fora que elas são uma exceção, vai! Não é algo tão comum viajar desta forma.
Como boa virginiana, defendo o ato de ser precavido. Guardar uma graninha, nem que seja mínima, para dar quantas loucas você quiser. Sem exageros. De repente, com até muito menos do que você imagina, pode se fazer ‘muito estrago’ por aí. É só uma questão de informação e planejamento.
Um exemplo de economia é optar por hospedagens solidárias. Sou totalmente adepta ao uso de sites como Couch Surfing, o qual te oportuniza a conhecer gente boa e até dormir na casa delas sem pagar nada. Aliás, pude fazer boas amizades através deste dispositivo, mas tive alguns apuros também.
Em fevereiro de 2012 fui sozinha fazer um mochilão o qual passava por Veneza. Cidade linda, charmosa, puro uma pintura tridimensional. Talvez seja um dos motivos de ser uma das cidades mais caras para se visitar na Europa. Por isso, procurei um ‘amigo’ no Couch Surffing para quebrar essa para mim.
Chegando na estação de trem, encontrei este ‘amigo’. Ele foi muito tranquilo e gente boa, até chegar na casa dele e dar de cara com um homem semi nu na sala – sim. Só de toalha. Que, segundo ele, era um amigo que estava só de passagem – e perceber que ele tinha arrumado a própria cama para eu dormir. E detalhe: ele iria dormir junto.
Comecei a dar aquela risada de desespero na hora! Fiquei toda encabulada, sem saber o que responder. Mas rapidamente retomei os meus sentidos e perguntei se havia um hostel por perto, pois não queria incomodar.
Depois de uma conversa cordial, ele percebeu que a minha intenção não eram ‘as segundas’, e decidiu me ajudar a procurar um hostel. A minha sorte é que encontramos um por um preço ‘razoável’ (que, adianto, não é barato comparado às demais cidades da Europa, mas tendo como base as outras hospedagens de lá, era bem bom) e em um quarto feminino, dividido com outras cinco meninas. Perfeito!
Andei aquela mini e maravilhosa cidade o dia inteiro, tirei muitas fotos e nunca mais ouvi falar do tal lá rs. No final das contas, acho que ele apenas confundiu a intenção das coisas quando estava em busca da hospedagem solidária. Mas quem vai saber?! Não quis ficar para conferir.
O bom é que correu tudo bem. Além de tudo, gastei bem pouco. Comendo uma pizza aqui, tomando uma Coca ali e apreciando toda aquela paisagem sem gastar absolutamente nada. Me senti em um filme romântico italiano – apesar de não estar hospedada em um hotel cinco estrelas, ter comido em um restaurante de luxo ou ter encontrado o amor da minha vida naquelas ruas, mas valeu só por isso.
Também tive um dinheirinho para gastar (e muito bem gasto) em outros seis países que estavam previstos naquele mochilão. Mas isso já é outra história, que vai ser contada em diversos textos aqui neste espaço. Só esperar 😉
*Sika é jornalista, gosta de desenhar e já deu umas voltinhas por aí